Por Equipo de Redacción
Publicado em 6 de agosto de 2021
Cristina Andriotti, CEO da Ambipar, possui toneladas em créditos de carbono para ofertar ao mercado.
Os primeiros seis meses do ano foram agitados para a Ambipar, companhia que atua na cadeia de resíduos e emergências ambientais, e concluiu o semestre com uma bateria de aquisições: 14 companhias nacionais e internacionais foram adquiridas, voltadas ao setor de tratamento de lixo, economia circular, gestão ambiental e crédito de carbono.
Mas a CEO da Ambipar, Cristina Andriotti, não quer parar. Para o próximo semestre, ela planeja testar caminhões à gás e, caso a operação seja positiva, irá trocar toda a frota da companhia em alguns anos. Segundo levantamento realizado pela Forbes, a otimização da frota teria custo mínimo próximo de R$ 132 milhões.
“Em relação a um caminhão a diesel, o preço dele é o dobro, por isso, precisamos entender se ele é viável financeiramente, não apenas sustentável”, justifica a executiva.
Em outra frente, a companhia está de olho na tecnologia blockchain. Com a aquisição de 53,6% da Biofílica em julho, a Ambipar dá seus primeiros passos no mercado que vem chamando a atenção dos investidores e grandes players: o da tokenização dos créditos de carbono.
A Biofílica tem a maior área do mundo para certificação de crédito de origem florestal, com 1,5 milhão de hectares sob preservação. E, até o momento, a Ambipar já possui quatro milhões de créditos que podem ser comercializados por R$ 75,00 a unidade.
“Como está na nossa veia, iremos gerar crédito de carbono constantemente”, afirma Thiago Silva, CFO da empresa. “Pretendemos tokenizar, mas não sabemos se iremos criar nosso blockchain ou utilizar de terceiros.”
O processo para a comercialização dos carbonos brasileiros ainda está em auditoria, mas o CFO garante que a empresa possui toneladas de crédito para ofertar ao mercado.
Para o Bank of América, o movimento de aquisições aliado às operações sólidas da Ambipar são os motivos pelos quais os investidores seguem apostando na compra do AMBP3. Nos últimos três meses, os acionistas assistiram os papéis subirem mais de 111%. No pregão de ontem (5), as ações fecharam negociadas a R$ 56,33, com variação positiva de 1,88%.
A Ambipar possui capitalização de mercado de R$ 6,02 bilhões e reportou lucro líquido de R$ 32,3 milhões no primeiro balanço financeiro do ano, alta de 195,7% na comparação com igual período de 2020. O Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre janeiro e março foi de R$ 72,7 milhões, 80,7% mais alto que os R$ 40,2 milhões do ano anterior.
A Ambipar estreou há um ano na B3, após ser precificada no teto da faixa indicativa e levantar R$ 1 bilhão. Desde então, 22 aquisições foram feitas – 14 apenas no primeiro semestre deste ano. Dentre as adquiridas, 60% visam ampliar as operações da Ambipar nos Estados Unidos e América Latina, 10% dos negócios foram comprados para potencializar os serviços já prestados e os outros 30% inovaram o portfólio da Ambipar.
O primeiro novo serviço adquirido foi a Âmbito Negócios, que oferece um selo verde para os clientes da companhia, validando as ações sustentáveis que possuem.
A Ambipar é conhecida por atuar em duas grandes verticais: Environmental e Response. O primeiro braço é focado em valorizar resíduos para os clientes, e o segundo é usado como soluções emergenciais.
A companhia fechou um contrato em maio com o TTC (Centro de Tecnologia de Transporte), maior centro de treinamento de emergência com produtos perigosos do mundo, para treinar o exército norte-americano sobre como proceder em casos de emergências.
O valor do acordo foi de US$ 517 milhões por 20 anos e o faturamento estimado da companhia será de US$ 10 milhões com a operação.
Para o próximo semestre, a Ambipar pretende fazer um investimento massivo no aumento de ecopontos digitais, no desenvolvimento de tecnologias, ter um crescimento orgânico e vender crédito de carbono. “Queremos em alguns anos ser referência mundial em respostas à emergência e soluções ambientais”, diz Cristina.