Por Equipe de Redação
Publicado em 25 de novembro de 2022
EXAME conversou com empresas que atuam no Brasil em diferentes setores; confira a participação delas na COP27 e entenda as estratégias de sustentabilidade, bioeconomia, energia limpa e mais.
Executivos de empresas com atuação no Brasil estão em peso na COP27, a Conferência das Partes para mudanças climáticas. Por aqui, eles compartilham boas práticas e iniciam negócios ao mesmo tempo em que acompanham de perto as decisões das delegações oficiais.
“Este é ano para afirmar os processos de implementação na redução de emissões, olhando a perspectiva do clima, mas isto ainda não está tão claro por parte das delegações. É o momento do setor privado cobrar implementações”, disse Cristiano Teixeira, CEO da Klabin.
De acordo com ele, a Klabin vê o seu crescimento ao buscar o uso da terra com o objetivo de plantio de florestas cultivadas. “Somos de um setor seguidor dos regulamentos, e uma vez entrando numa região a gente garante desenvolvimento do IDH dos municípios”.
Os executivos compreendem ainda, que os avanços levam tempo. “A COP nada mais é do que sentar e trabalhar juntos, e isto demora. É preciso ter consenso, e a COP avança a cada ano. Quando se olha para florestas, ainda há tudo para se fazer, pois é um tema que não está nos mercado regulados, e pode ser uma fonte importante de financiamento para o Brasil”, afirma David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.
O executivo lembrou que, por aqui, as companhias aproveitam para lançar iniciativas como a empresa Biomas, que em 20 anos deve destinar 4 milhões de hectares de matas nativas da Amazônia, Cerrado e da Mata Atlântica para que sejam restauradas e protegidas. “Além disto, é preciso reforçar que proteger a floresta depende da inclusão das pessoas que moram nas localidades para que juntos todos possam se beneficiar desse processo”.
As parcerias entre companhias brasileiras acontecem também no setor da moda. Exemplo disto vem de Malwee e Lojas Renner. “Estamos falando com a Lojas Renner para entender melhor como mitigar as emissões de gases causadores do efeito estufa no escopo 3, de emissões indiretas, o grande desafio de todos os setores”, afirma Taise Beduschi, gerente de sustentabilidade do Grupo Malwee.
Para isto, é preciso consistência e transparência nas ações. “O nosso trabalho é baseado na sustentabilidade ambiental e nos direitos humanos. Aqui, além de promovermos trocas, mostramos a evolução dos ciclos e o modelo de trabalho de trabalho que se destaca pela consistência”, diz Eduardo Ferlauto, head de sustentabilidade da Lojas Renner S.A., que apresentou resultados como uso de energia renovável em 100% da operação corporativa e a redução de 35,4% das emissões corporativas absolutas de CO2 na comparação com 2017.
Auxiliar empresas a se tornarem mais sustentáveis é também o objetivo da Ambipar. “Nós trazemos as nossas soluções de economia circular para ajudar as empresas a reduzirem as suas emissões, gerar, compensar e comercializar créditos de carbono. Hoje, estamos pensando nessa estratégia de descarbonização de uma forma muito mais ampla, conectada com as nossas ambições, fazendo ações internas e externas para poder transformar isso em realidade”, afirmou Rafael Tello, diretor de sustentabilidade do Grupo Ambipar.
Para comprovar que as ações estão no caminho certo, as companhias trabalham com auditorias, acompanhamento de resultados e iniciativa como a Science Based Targets, uma colaboração entre o CDP, o Pacto Global das Nações Unidas, o World Resources Institute e o World Wide Fund for Nature, para a definição uma meta climática baseada na ciência.
Além de Lojas Renner, outra companhia que está no SBTi é a fabricante de bebidas Ambev. “A gente trabalha no SBTi considerando os três escopos de emissões. Batemos a meta que propomos para até 2025, rumo ao NetZero, e temos outros desafios”, afirma Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Ambev.
Um exemplo da Ambev é a relação com os clientes. “São mais de 1 milhão de clientes com as nossas geladeiras. Por isto, trabalhamos com ecocoolers, que emitem menos carbono, e já temos mais de 4 mil pontos de venda com energia renovável, sendo possível expandir para todo o país nos próximos anos”.
A Marfrig também estabeleceu, há quatro anos, as metas de redução de emissões, com submissão ao SBTi. “Aqui trazemos um pouco do que obtivemos de resultados e abordamos a importância de se ter a ciência por trás do que se estabelece como meta. É assim que se confere transparência para o que está sendo feito”, diz Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e comunicação corporativa da Marfrig.
Desde 2009 a Fundação Grupo Boticário participa presencialmente da COP para orientar os trabalhos no Brasil e para apresentar experiências do que já é desenvolvido no país. “Aqui nosso foco é como os serviços baseados na natureza podem ajudar a endereçar os desafios da sociedade, pensando em mudanças climáticas, um tema urgente, que precisa ser tratado localmente”, diz André Ferretti, gerente de economia da biodiversidade na Fundação Grupo Boticário.
Um exemplo de que a discussão iniciada na COP pode gerar iniciativas locais é da Sigma Lithium. “Na COP passada, realizada há um ano em Glasgow, pensamos em um projeto a partir de uma conversa sobre agricultura sustentável familiar e adaptação climática”, diz Ana Cabral, co-Ceo da companhia.
A partir daí, foi realizado um trabalho de coleta de água da chuva, que fica no próprio solo e tem baixa pegada de carbono. “Durante o período de chuva se captura grandes volumes de água e depois podemos disponibilizá-la para o agricultor familiar que passaria problemas com a seca”, afirma Ana.
Além disso, ela enxerga o combate dos problemas socioambientais como importantes para o negócio. “Os acionistas estão renunciando retorno por uma causa maior ao, por exemplo, aumentar a arrecadação municipal por meio de um recuso que a empresa fez no Vale do Jequitinhonha”.
O tratamento do saneamento no Brasil é outro exemplo da geração de impactos diretos na vida das pessoas e no meio ambiente. “Tratar esgoto significa evitar que toneladas de esgoto bruto sejam despejados nos oceanos e rios. E também há enorme impacto para a geração de emprego e movimento na economia local. Em Maceió, por exemplo, foram 1.200 empregados de forma direta e indireta em seis meses”, afirma Teresa Vernaglia, CEO da BRK.
Um dos grandes temas da COP27 é como a energia limpa favorecerá os mecanismos de descarbonização do planeta além de, obviamente, os financiamentos necessários para a transição energética justa.
De olho neste movimento, Paula Kovarsky, vice-presidente de estratégia e sustentabilidade da Raízen, espera que as soluções brasileiras de uso do etanol sejam mais valorizadas. “Estamos cada vez mais ampliando a oferta de produtos renováveis com eficiência no uso da terra, sem adição de hectares. E há uma jornada de evoluções possíveis. A gente usa 1% do território para plantar a cana, mas correspondemos por 19% da matriz energética do país”.
Para Gustavo Montezano, presidente do BNDES, a questão energética é um dos principais pontos da COP27. “Estamos observando como o tema é urgente e movimenta o setor empresarial. Por conta disto estamos, por exemplo, comprando 100 milhões de reais em crédito de carbono e recebendo 500 milhões de demanda, afirma.
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