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Como medir a Circularidade?

Equipe redação

Por Equipe de Redação
Publicado em 14 de março de 2023

O conceito de economia circular se opõe ao conceito de economia linear e fomenta uma mudança na maneira como consumimos produtos, a ideia é de aumentar o ciclo de vida, diminuir o uso de recursos naturais e o impacto socioambiental, como no uso de matérias primas e geração de resíduos (por consequência promover economias de baixo carbono).

Inspirados pelos estudos de Economia Circular desenvolvidos pelo World Business Council For Sustainable Development, extraímos sete recomendações que podem ser consideradas por empreendimentos que pretendem desenvolver uma estrutura para medir sua atuação em economia circular.

As recomendações podem compor o planejamento estratégico da empresa, e ao mesmo tempo figurar como fundamento para execução de mudanças e novas ações conforma a circularidade.

Os tópicos abaixo devem ser considerados a maturidade dos negócios e desenvolvidos por meio de indicadores e metas, conforme os riscos à circularidade avaliados:

1. Aumente o desempenho de negócios circulares

Uma estrutura eficaz de medição da economia circular deve não apenas levar a empresa a se tornar “mais circular”, mas também estimular o crescimento financeiro.  A finalidade da economia circular também é o resultado financeiro. Faz parte desse conceito da sustentabilidade levantar indicadores que conduzam a melhorias no desempenho financeiro, ambiental e social ao longo do tempo, não somente à circularidade em si.

Por exemplo, medir a receita circular ou a porcentagem circular geraria fortes resultados financeiros desempenho através da circularidade e estimularia ainda mais as partes interessadas a prosseguir com a estratégia engajada.

Podemos medir a circularidade dentro do próprio processo das empresas, como podemos medir a circularidade nos produtos e serviços. A economia de recursos e escolhas por insumos e matérias primas conforme a conceito de economia circular fazem parte disso!

Produtos e processos estão relacionados e cada um tem implicações na economia circular de uma empresa. Ambos, processos e produtos geram impactos no meio ambiente e na sociedade. A gravidade e os tipos e o controle da empresa podem variar entre eles conforme o tipo de negócio desenvolvido, localização, dentre outros aspectos.

A exemplo disso pode-se cita a aplicação dos três escopos do Protocolo de Gases de Efeito Estufa. O que uma empresa monitora e gerencia em suas próprias operações deve ser considerado como impactos que a empresa tem sobre o meio ambiente, economia e sociedade. Isso está diretamente relacionado e deve ser levantado para avaliação ao longo de todo o ciclo de vida do produto.

2. Tornar metas e resultados públicos

As empresas devem ser capazes de relatar seu desempenho circular para partes interessadas. As métricas podem ser disponibilizadas para colaboradores, nos relatórios integrados de sustentabilidade para as entidades relatoras e investidores, ou em materiais dedicados ao cliente.

É sabido que os clientes, os funcionários costumam ser o principal público-alvo das métricas circulares, mas é importante que a empresa seja capaz de comunicar efetivamente seu desempenho circular com seus stakeholders prioritários, como órgãos reguladores.

Aqui acrescenta-se ao estudo a ideia de comunicar a circularidade também a matriz de fornecedores e demais partes que compõe a cadeia de valor e que podem agir diretamente nos processos da empresa, ou mesmo diretamente com o cliente.

3. Abrangência do escopo de sustentabilidade

Medir verdadeiramente a circularidade de uma empresa, conforme ressaltado anteriormente, deve considerar os aspectos financeiros, ambientais e aspectos sociais de processo e produto. Medir apenas aspectos financeiros das atividades circulares pode pesar em responsabilidades ambientais ou sociais, e, por outro lado, o contrário também é verdadeiro.

Por exemplo, a empresa que promove a reciclagem, mas ao mesmo tempo utiliza de trabalho infantil para o processamento do resíduo não pode ser recompensada, há neste caso um claro débito social. O mesmo poderia se dizer do uso de matéria prima reaproveitada fruto de furto ou roubo.

A abrangência da medição da circularidade dos negócios deve considerar todas as entradas e saídas de recursos em seu processo.

Além disso, deve-se considerar de suma importância abarcar na medição a estrutura responsável pela circularidade dos produtos e serviços colocados no mercado.

Não se pode deixar de levantar os recursos naturais utilizados da estrutura do negócio circular : materiais (incluindo minerais, solo, resíduos, etc.), energia (incluindo ar poluição e emissões) e água (incluindo águas residuais).  A empresa que divulga ser “circular” sem contabilizar os tipos e uso de recursos naturais, além dos todos os três pilares da sustentabilidade pode ter seu negócio questionado publicamente.

4. Indicadores apropriados e factíveis

O desenvolvimento de indicadores de economia circular deve considerar os padrões existentes, mas precisam moldar-se a realidade dos processos e negócios. Há que se prever certa flexibilidade para que os objetivos sejam possíveis de serem alcançados. O conjunto de indicadores precisam se aplicar a empresas de todos os setores, posições da cadeia de valor e níveis de maturidade da visão circular.

Duas empresas podem ocupar diferentes posições na cadeia de valor e portanto necessariamente passar por avaliações com diferenças para que sejam realmente apropriadas. Para uma indústria química medir a condição de seu efluente e do possivelmente gerado em seu cliente por seu produto é imprescindível para compor a circularidade do seu processo, enquanto em uma empresa de crédito talvez não seja o melhor indicador a se avaliar, considerando o possível impacto social e a visão macro da circularidade.

Em estruturas compostas por mais de uma empresa ou considerando os investimentos e aportes no mercado deve-se destacar líderes na economia circular sem desencorajar as empresas que estão começando a circular jornada para medir seu desempenho ao longo do tempo. Por exemplo, a estrutura pode permitir que as empresas para medir o desempenho circular internamente e decidir se divulgam esse valor em seus relatórios e comunicações anuais. Alternativamente, a estrutura pode normalizar o desempenho valores por indústria em oposição às empresas em geral.

A circularidade do produto ou serviço e do portfólio estão intimamente relacionadas. Assim, o quadro deve permitir medição da circularidade ao nível do produto, sem obrigação. Como fabricantes de produtos e prestadores de serviços adotam cada vez mais abordagens de portfólio para impulsionar a sustentabilidade e a circularidade, o estrutura de medição circular deve adotá-lo. Em última análise, uma empresa é mais capaz de conduzir o circularidade de seu portfólio se entender o que está acontecendo no nível do produto. No entanto, tomando o etapas adicionais para entender a circularidade de cada produto podem ter um custo proibitivo ou irrelevante para algumas empresas. Como tal, as empresas devem ser incentivadas a medir a circularidade no produto ou nível de serviço, mas não ser obrigado a fazê-lo.

5. Adotar passos para chegar à economia circular

Os aspectos que envolvem a economia circular são muitos e medir alguns deles pode ser mais fácil do que outros. Portando, os estudos apontam que a estratégia de medir e divulgar resultados deve obedecer a etapas. Isso permite uma compreensão e aspectos de maior relevância para economia circular do negócio, medidos e monitorados no curto prazo e posterior integração de indicadores de maior complexidade.

O estudo sugere que no uso dos indicadores conforme o IIRC dos seis capitais deve-se abordar pelo menos o capital financeiro e natural na primeira medição, a próxima medição deve abordar capital humano e social. Por fim, o capital manufaturado e capital intelectual na terceira medição da estratégia.

As etapas também podem compor a estrutura circular em processos de desempenho do negócio. As empresas podem começar avaliando a reciclagem e o desvio de resíduos e, em seguida, passar para o redesenho do produto e, finalmente, para a transformação do modelo de negócios esse é processo mais visto nos empreendimentos.

6. Construir sobre estruturas e padrões existentes

A medicação de indicadores de circularidade deve atender à padrões e parâmetros relevantes para o negócio, de maneira clara e direta. Embora exista por parte de acionistas e investidores uma insatisfação de maneira geral (segundo dados da CVM 2021) com melhor maneira de comparar dados levantados por diversas empresas, modelos de medição e relato como o Global Report Initiative (GRI), Natural Capital Protocol (NCP) e o International Integrated Reporting Council (IIRC)  são exemplos de metodologias amplamente utilizadas pelas empresas.

Utilizar de padrões largamente estudados e difundidos permite a construção de novas ideias na medição da sustentabilidade e torna favorável o crescimento sobre essas estruturas já estabelecidas. Encurta-se caminhos e inova-se sobre o que já é conhecido.

Exemplificando: a estrutura circular deve ser consistente com a GRI 306 Effluents and Waste standard e o GHG Protocol.

As empresas precisam entender como seu modelo de negócios depende e impacta o capital natural, social e humano. A estratégia da empresa pode considerar o uso do IIRC e os seis capitais como estrutura de avaliação do desempenho circular: Capital Financeiro, Capital Manufaturado, Capital Intelectual, Capital Humano, Capital Social e Capital Natural.

Não é necessário fazer referência a todos os seis tipos de capitais, mas seria uma facilitador para a análise de relatórios, segundo especialistas.

7. Mudar cultura e disseminar conhecimento

Uma estrutura de economia circular deve promover a mudança da cultura da empresa e disseminar conhecimento que suporte essa mudança.

Há indícios de que empresas que implantam a cultura de economia circular partindo de altos escalões ganham em eficácia e velocidade na mudança. Executivos precisam comprar a ideia e demonstrar seu compromisso com seus funcionários.

Uma sugestão seria a inclusão da dos elementos da circularidade na missão e valores da empresa, ou mesmo na estratégia de maneira clara e objetiva.

Em uma maturidade mais complexa pode-se alinhar sustentabilidade  vinculando a remuneração individual a indicadores individuais de desempenho circulares ou minimamente fornecendo educação e treinamento demonstrando o valor que iniciativas circulares criam para a empresa.

A medicação de indicadores que possam compor a visão de circularidade permite dar visibilidade às boas práticas que as organizações e empreendimentos praticam em prol da sustentabilidade e ao mesmo tempo permite a diminuição do impacto ambiental e social do próprio negócio.

Medir e divulgar resultados da visão circular das empresas inspira novos negócios circulares, educa partes interessadas como investidores em suas estratégias e consumidores em suas escolhas.

A Ambipar Certification é acreditada como um Organismo de Certificação (OCP) pela Coordenação Geral de Acreditação (CGRE) do Inmetro, podendo conceder para empresas de diversos segmentos o Selo Verde. Esta chancela atesta que a instituição cumpriu a legislação — inclusive os requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) — e que pode possuir práticas de valorização dos resíduos e de economia circular.

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