Por Equipe de Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2024
Companhia se prepara para demanda maior com aumento da pressão por soluções sustentáveis em empresas, diz CFO. Unidade da Ambipar (Foto: Divulgação).
“Estamos bem posicionados para capturar isso”. A frase foi dita pelo CFO da Ambipar (AMBP3) ao InvestNews nesta terça-feira (9), mesmo dia em que o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, anunciou que 2023 foi provavelmente o mais quente nos últimos 100 mil anos. Para Thiago Costa, o contexto atual é de aumento de demanda (e pressão) de empresas por soluções em sustentabilidade – ou seja, a perspectiva é de aumento de clientes.
Atuando no ramo da gestão ambiental, a Ambipar tem se expandido nos últimos anos via fusões e aquisições, totalizando mais de 40 nos últimos anos. Mas, com serviços para que empresas que vão desde manejamento e destinação de resíduos a emergências com acidentes com poluentes, a meta para 2024 é seguir crescendo de forma mais orgânica.
Como pano de fundo desse projeto estão as mudanças climáticas cada vez mais perceptíveis, e “esse tipo de discussão traz um potencial muito forte para o mercado“, afirma Costa. “Com certeza, o mercado em si está cada vez mais preocupado nesse sentido, até porque há uma pressão popular com relação a isso. As empresas que têm uma ação mais B2C têm que ter algum tipo de resposta a esses temas.”
A perspectiva de aumento de demanda coincide com o plano da Ambipar de focar mais no chamado segmento denominado “response”, que inclui gerenciamento de crises ambientais, expandindo esses serviços nos Estados Unidos. “Vamos pegar toda esse expertise que a gente teve aqui no Brasil e replicamos na América Latina com muito sucesso, e estamos levando para o mercado norte-americano.”
Um dos proincipais objetivos é aumentar a visibilidade da empresa nos Estados Unidos para atrair a atenção dos investidores norte-americanos. Tanto que a expansão no país vem poucos meses antes de a abertura de capital da Ambinar na NYSE completar um ano, no próximo mês de março.
“A entrada na Nyse tem a ver com o que a gente já estava pensando no mercado norte-americano. A gente já tinha esse foco desde o nosso IPO. A tese nossa era para a expansão desse mercado”, diz Costa.
O CFO não esconde o otimismo sobre a possibilidade de levantar recursos no mercado norte-americano – especialmente num momento em que o nível de endividamento da Ambipar preocupa analistas.
“A gente tem uma oportunidade muito forte de visibilidade e de trazer uma estrutura de capital robusta também, porque a gente pode ter essa forma de levantar funding que nos atrai bastante”.
THIAGO COSTA, CFO DA AMBIPAR
Mas Costa garante que esse foco maior nos Estados Unidos não representa uma redução dos esforços da empresa nos outros locais em que atua, incluindo seu país de origem, o Brasil. “Não vamos poupar esforços também para fazer aqui, mas, óbvio, lá tem uma potencialidade muito forte. O foco maior será lá, mas não deixando de olhar aqui.”
Nesse cenário, ele projeta que o maior crescimento da Ambipar nos próximos anos deve vir de outro segmento, chamado “environment”, especificamente em ações que mirem na economia circular (lógica que inclui o reuso de resíduos para novas produções).
“A gente está de fato bastante otimista com relação a esse mercado, um mercado muito embrionário, como eu comentei. E um mercado onde eu acredito que a gente vá ter um maior nível de crescimento.”
A via de crescimento por fusões e aquisições custou à Ambipar um nível de endividamento considerado alto para os analistas. A empresa fechou o terceiro trimestre de 2023 com uma dívida líquida de R$ 4,49 bilhões, um aumento de 46% em relação ao ano anterior.
Um levantamento feito pela plataforma Valor Pro mostra que a Ambipar tem sustentado níveis de endividamento acima do setor. Considerando o dado em 12 meses, o último indicador de relação entre dívida e Ebitda (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ficou em 3,56, contra 1,88 de outras companhias. O número mostra a relação entre a dívida da empresa e sua capacidade de gerar caixa.
Esse é o principal fator por trás da decisão da Ambipar de frear as aquisições para seguir crescendo. “A gente entende que nesse momento chegou a hora de tirar o pé do acelerador. Então de fato agora estamos muito mais voltados para o crescimento orgânico”, diz Costa.
Vale lembrar que a companhia recentemente também foi ao mercado para tentar melhorar os números de alavancagem. A empresa fez no ano passado um follow-on (oferta secundária de ações), em que levantou quase R$ 717 milhões. “Vimos a necessidade de fazer um pouco mais de incremento de caixa, visando a redução da dívida líquida, esse foi o nosso intuito dentro desse follow-on”, lembra Costa.
A operação chegou a preocupar investidores diante da precificação da ação perto de mínimas históricas. “Teve o follow-on sim, teve essa mínima histórica, mas faz parte do mercado e a gente entende que é a hora que a gente conseguir passar tudo que o potencial que a Ambipar tem, com certeza vai ter o reconhecimento”, continua o executivo.
A Ambipar teve um lucro líquido de R$ 34,8 milhões no segundo trimestre de 2023, totalizando um resultado positivo de R$ 4,5 bilhões nos primeiros nove meses do ano – um aumento de 45,9% na comparação com 2022.
Para manter os balanços no azul e a empresa, em crescimento, Costa diz que o principal desafio é “não perder oportunidades”. “O mercado endereçável é enorme, é um tema que está em voga. Falamos sobre como o planeta precisa ser cuidado de forma mais veemente para que a gente possa conseguir, de fato, fazer algo transformacional. E a gente está aqui para ajudar, tanto os nossos clientes quanto o planeta em si”, afirma. “Não existe planeta B, a gente tem que cuidar do A.”
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