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IstoÉ Dinheiro por Lana Pinheiro - 07/06/2023

Equipe redação

Por Equipe de Redação
Publicado em 11 de junho de 2023

IstoÉ Dinheiro. Foto: Pedro Ladeira / Folhapress

Às vésperas do Dia do Meio Ambiente, governo sofre série de derrotas na agenda que poderia tornar o Brasil protagonista global da economia verde. Com ministérios esvaziados, direitos de indígenas  cerceados e penhora da gestão dos recursos hídricos, o País corre o risco de manter aos olhos do mundo a imagem de vilão do clima.

No Brasil, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos trouxe avanços para a estruturação da economia circular e engajamento do setor na agenda.

Prova de que quando querem o Executivo e o Legislativo conseguem consenso é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Instituída em agosto de 2010, ela trouxe ao País uma série de inovações para a gestão e gerenciamento do que antes era tratado como lixo. Para o head de Economia Circular da Ambipar, Guilherme Brammer, a legislação permitiu progressos consideráveis.

“Conseguimos avançar em logística reversa e engajar empresas em acordos setoriais robustos”, afirmou. Um dos exemplos mais contundentes é o de latas de alumínio. Dados da Recicla Latas, obtidos com o apoio da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), indicam que no ano passado os recicladores processaram 390,2 mil toneladas de sucata de latinhas, montante equivalente às 31,85 bilhões de unidades comercializadas pelos fabricantes de latas em 2022. Um aproveitamento de 100%.

Os problemas no Brasil, porém, ainda são bastante significativos. Segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA), somente 4% dos materiais reciclados são processados no País. Um dos grandes obstáculos para Brammer, da Ambipar, é o tratamento tributário dado aos materiais reciclados que é o mesmo do material virgem. Outro é a falta de infraestrutura. “Poucas cidades brasileiras possuem a coleta seletiva, o que torna a implementação da PNRS bastante complexa em sua total plenitude”, afirmou.

Algumas regiões e empresas têm resolvido essa ausência da autoridade pública com investimentos em cooperativas de catadores e recicladores. “Eles representam 90% da coleta de resíduos do País.“  E, mesmo com o avanço na organização da economia circular, há mais dois agentes que desafiam a gestão de resíduos. O primeiro é a indústria. “Enquanto os executivos forem cobrados e remunerados por resultados de uma economia linear, será muito difícil dar escala à reciclagem”, disse Brammer. O outro é o consumidor.

“Precisamos que a agenda ambiental entre na grade curricular das crianças. Só por meio da educação teremos a transformação necessária.”

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