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Dica de Teatro - 09/11/2023

Camila Valverde, COO do Pacto Global da ONU no Brasil e diretora de Impacto, e Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, durante gravação do videocast ‘Pacto com o Futuro’. Crédito: Divulgação.

CEO da Conta Black, Fernanda Ribeiro denuncia ambiente hostil para pessoas negras nas empresas em entrevista ao ‘Pacto Com o Futuro’, apresentado pelo jornalista Milton Jung e por Camila Valverde, Diretora de Impacto do instituto.

No Brasil, formado por 56% de pessoas negras, apenas 4% delas ocupam cargos de liderança. Esse cenário alarmante perpassa o segundo episódio da série ‘Pacto Com o Futuro – Tudo o que você precisa entender agora sobre ESG’, novo projeto da Comunicação do Pacto Global da ONU no Brasil, em parceria com a CBN e apoio da Ambipar Group. Com o tema ‘A importância de trazer a diversidade para as mesas de decisão’, o jornalista Milton Jung e Camila Valverde, COO do Pacto Global e diretora de Impacto, recebem Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black e presidente do conselho administrativo do AfroBusiness, no episódio desta semana, disponível em todos os agregadores de áudio e no YouTube da CBN.
“A gente fala muitas vezes sobre diversidade e pouco sobre inclusão. É legal contextualizar e trazer a diferença sobre um termo e outro. Se fala sobre trazer pessoas negras para dentro das corporações, mas será que esses ambientes estão preparados para receber essas pessoas? Muitas vezes esse processo é hostil, e acaba gerando o movimento que transborda no empreendedorismo: pessoas negras supercapacitadas, que estavam dentro das grandes corporações, enfrentaram o que chamamos de ‘Teto de vidro’, em que elas não conseguiram ascender dentro das suas carreiras por falta desse ambiente colaborativo. O ambiente muitas vezes é violento e elas acabam saindo dessas corporações e indo para o empreendedorismo. Então, é superimportante quando a gente falar de intencionalidade, de inclusão de pessoas pretas dentro das corporações, olhar para esse processo de uma maneira colaborativa para que as empresas se preparem para receber essas pessoas”, defendeu Fernanda, que explicou ainda o funcionamento da Afrobusiness: “É uma rede de empreendedores pretos e profissionais liberais pretos, onde nasceu a Conta Black, que é um hub de serviços financeiros”.

O episódio também abordará o Movimento Raça é Prioridade, parte da estratégia Ambição 2030 do Pacto Global da ONU no Brasil. O Movimento, em parceria com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e ONU Mulheres, é ligado à Plataforma de Ação pelos Direitos Humanos e tem como ambição alcançar 1500 empresas comprometidas em ter 50% de pessoas negras ou pertencentes a outro grupo étnico minoritário (indígenas ou quilombolas, por exemplo) em posição de liderança até 2030.

“A gente oferece uma jornada de conhecimento para as empresas que assinam conosco o compromisso de ter as pessoas negras em posição de liderança. Promove uma formação, como letramento racial, sobre como estabelecer as metas, sobre essa intersecção de gênero e raça, para quebrar o modelo mental que a gente construiu no Brasil do racismo estrutural, fala muito sobre vieses inconscientes. Esse é um processo lento, não basta se sentar numa mesa falar que sai todo mundo com a mente transformada. É cultural, crescemos numa sociedade racista, é um processo diário que fala de convencimento, de atitude, que envolve a liderança da companhia. Uma coisa que funciona muito também é a pressão dos stakeholders, a pressão do mercado consumidor, da opinião pública em relação ao posicionamento da empresa. Há um conjunto de fatores que faz com que a empresa se mobilize”, aponta Camila.

“É importante trabalhar o letramento racial dentro das corporações para reduzir essas violências, que são microviolências que acontecem no dia a dia dessas pessoas quando elas estão dentro desse mercado corporativo”, ponderou Fernanda, que ouviu com otimismo a notícia de que o Pacto Global da ONU no Brasil possui 40 empresas engajadas no movimento Raça é Prioridade.

“A gente começou esse trabalho há um ano. Fizemos o primeiro baseline agora, e os primeiros dados são tristes, somente 15% das empresas que nós monitoramos reportam a quantidade de pessoas negras que elas têm em cargos de liderança. Olhando o copo meio baixo, a gente tem um cenário devastador. Mas olhando o copo meio cheio, a gente já começou a medir esses dados, começamos com as ações e a gente espera que anualmente, até 2030, esse número de fato avance porque as empresas estão se comprometendo. São 40 que começaram a jornada no último ano conosco e vamos até 2030. E a ambição que a gente tem com o Movimento Raça é Prioridade é de ter mais 15 mil pessoas negras em cargos de liderança, de formar 10 mil pessoas negras para posições de liderança. Esses são números de onde a gente quer chegar”, acredita Camila.

A série de videocast terá o total de 12 episódios, disponibilizados semanalmente até janeiro de 2024, contribuindo para disseminar conhecimento e desmistificar um conceito ainda abstrato para diferentes setores da população. ESG (Environment, Social and Governance, em inglês) ou ASG, em português, é a sigla que se refere às práticas ambientais, sociais e de governança das empresas. E o tema desta semana fica dentro do S.

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