Por Equipe de Redação
Publicado em 2 de julho de 2021
Valor Econômico – Impresso – 29/06/2021
A Ambipar quer replicar sua atuação brasileira nas divisões de gestão de resíduos e respostas emergenciais para o Chile e o restante da America Latina. Para isso, a companhia planeja integrar as operações das empresas chilenas Disal e Suatrans, que acabaram ser adquiridas por suas controladas, a Environmental ESG Participações e a Emergência Participações.
Desde a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), em julho do ano passado, a Ambipar já realizou 14 aquisições no montante total de R$ 1,4 bilhão. O valor, que ainda não foi totalmente desembolsado, já supera a quantia de R$ 1,08 bilhão levantada na abertura de capital, o que leva a empresa a cumprir com a promessa feita aos investidores de que o dinheiro da operação seria usado em aquisições que pudessem aumentar sua presença no mercado internacional.
A Disal, que teve a aquisição de 100% anunciada no domingo à noite, atua na transformação de resíduos em produtos. A Suatrans, por sua vez, atua com respostas emergenciais em casos de danos ao meio ambiente – a Ambipar já era dona de 50% da empresa e comunicou ontem, após o fechamento do mercado, a compra da fatia remanescente.
Assim como ocorre no Brasil, o objetivo é formar um centro de serviço compartilhado para operar os dois segmentos – chamados pela Ambipar de “Environment” e “Response” – também no Chile.
“Vamos fazer a integração completa na parte administrativa, operacional e comercial. A Ambipar busca a internacionalização na America Latina, especialmente no Chile, Peru e Paraguai onde essas empresas já atuam”, afirmou Fábio Castro, diretor de relações com investidores, em entrevista ao Valor.
Com o anúncio de compra da Disal, as ações da Ambipar encerraram ontem em alta de 8,63% na B3, a R$ 43,05, maior cotação desde a estreia da empresa na bolsa.
A Ambipar também busca sinergias como as novas operações. A companhia quer ganhar espaço entre os clientes do segmento de mineração onde a Disal, por exemplo, já tem forte atuação.
“A empresa vai trazer a tecnologia e o ‘know how’ na área de mineração, que ainda são bem arcaicos por aqui, enquanto a Ambipar vai levar soluções do segmento de papel e celulose para lá, setor no qual somos líderes”, explicou o executivo. A Ambipar transforma, por exemplo, resíduos do segmento de papel e celulose em nutrientes para o solo.
Além disso, de acordo com Castro, a aquisição de 100% da Suatrans fará com que a Ambipar passe a atuar em um novo segmento no Brasil: o de pré-atendimento em caso de acidentes em rodovias. “A Suatrans faz o atendimento pré-hospitalar nas estradas, com ambulância, guincho e patrulha. Hoje, não atuamos com esse serviços no Brasil”, disse.
O executivo informou que a companhia já foi, inclusive, consultada por concessionárias para oferecer o serviço no Brasil.
Atualmente, a Suatrans tem 30 bases na America Latina e pretende chegar a 40 em um ano, segundo o executivo.
Anteriormente à compra da Ambipar, o fundo de private equity Australis detinha participação em ambas as companhias – 66% na Disal e 50% da Suatrans.
Para a aquisição da Disal, a companhia pagará à vista um total de R$ 800 milhões, que correspondem a um múltiplo EV/Ebitda (cálculo que mede quantas vezes uma empresa vale ante seu lucro operacional) de 8,5 vezes.
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