Por Equipe de Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2024
Confira as soluções de software, hardware e produtos para sustentabilidade ao longo da cadeia de proteína animal.
Sustentabilidade e eficiência são metas para a indústria de carnes e alimentação no geral, e empresas como Siemens, Ad Pack, Ambipar e Eco Power estão desenvolvendo soluções inovadoras para auxiliar empresas, grandes e pequenas da cadeia de carnes, a se tornarem mais sustentáveis.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicados pela Agência Brasil, mostram que 60% das empresas no país possuíam uma área ou departamento dedicado à sustentabilidade em 2022, um salto considerável em relação aos 34% do ano anterior.
Os requisitos ambientais para contratos também aumentaram, com 45% das empresas exigindo certificados ambientais de fornecedores e parceiros, em comparação com os 26% do ano anterior, e esses números tendem a aumentar em 2023.
Para atender a esses requisitos, algumas tecnologias avançadas foram apresentadas na Fispal Tecnologia e na TecnoCarne 2023 e estão moldando o futuro da indústria de carnes, oferecendo desde soluções personalizadas para produção e controle do uso de energia dentro da planta industrial até soluções em embalagens e inovações no recolhimento de resíduos recicláveis.
Redução no uso de matérias-primas
De acordo com Lauri Jefferson Miguel, representante da Siemens, “o Brasil é conhecido no mundo todo como o maior produtor de proteína animal, pelo menos com a maior qualidade”. Nesse cenário, a Siemens “montou no Brasil o Centro de Competência de Proteína Animal para entender qual o produto mais aderente e que consiga fazer essa cadeia se tornar mais eficiente”, reduzindo emissões de poluentes em um dos setores mais intensivos em gases de efeito estufa (GEE).
Miguel diz que as soluções em monitoramento da cadeia das plantas industriais que a Siemens oferece ao setor de carnes permite produzir mais usando menos recursos, em especial “recursos naturais, como energia elétrica. Tudo isso é o que a gente vem trabalhando junto com a indústria, para que a gente possa fazer com que o Brasil produza mais e consuma menos dos seus recursos”, explica.
Ainda na questão de redução no uso de energia elétrica, Paulo César Queiroz, representante da Eco Power, apresentou o Zero Grid, que é dedicado mais para empresas que já estão no mercado livre. “É um sistema em que você pode montar sua usina sem que ela injete energia de volta na rede”, explica.
Esse retorno de energia é um dos problemas enfrentados por quem participa do mercado livre e pode render multas para quem não cumprir a exigência. “O nosso sistema bloqueia automaticamente (o excesso de energia). Ele só vai utilizar o consumo instantâneo. A solução sempre vai limitar a sua usina para estar dentro do consumo instantâneo do dia, não permitindo que passe o excedente”, completa.
Além disso, a empresa tem negociado com frigoríficos uma solução em nobreak gigante que protegem empresas que não podem ficar sem energia nem por alguns minutos, como são os casos dos frigoríficos, que correm riscos de extravio de produto diante de quedas constantes de energia.
Além disso, dentro dos frigoríficos aviários, por exemplo, tem as incubadoras, “que não podem ter nenhum pico de energia senão perde todos os ovos. Na hora que tiver o pico, o nobreak é tão rápido que em torno de 120 milissegundos ele é acionado”, diz Queiroz.
A empresa pode dimensionar essa solução para funcionar nas horas de pico, “fornecendo energia e sem que para isso a empresa tenha que pagar mais caro”, completa.
Embalagens
Luiz Flores, representante da Ad Pack, destaca que a empresa, que é franco-brasileira e trabalha no ramo de embalagens, traz tendências da Europa para a produção de embalagens.
No velho continente, a substituição do plástico por materiais biodegradáveis é uma tendência já avançada. Lá, a Ad Pack já tem efetuado a substituição do plástico por papelão e trabalha para que isso também aconteça no Brasil. “Isso diminui o impacto no ambiente de maneira relevante”, avalia.
Atualmente, a Ad Pack trabalha com as empresas de destaque, todas as grandes companhias do setor de carnes, como BRF, JBS, Seara, e também com pequenas cooperativas. Suas soluções para o setor compreendem reduzir o uso do plástico sem abrir mão da higiene, fundamental para o setor.
“No setor cárneo, a nossa embalagem de papel acompanha uma película plástica para justamente ter esse cuidado com o alimento, esse isolamento entre o alimento e a parte superior da embalagem. Para isso, usamos um filme plástico e o embalamento é efetuado a vácuo e a peça fica selada dentro do pacote”, explica.
A indústria frigorífica tem à sua disposição soluções inovadoras para promover a reciclagem e reduzir o impacto ambiental no final da cadeia. Uma dessas soluções é a Retorna Machine, desenvolvida pela Ambipar, que apresenta uma máquina para recolhimento de resíduos sólidos pós-consumo.
Renato Alves, head de Negócios, Expansão e Benefícios da Ambipar, explica que a Retorna Machine fornece tricoins, uma moeda virtual, para cada tipo de resíduo, como pet, lata, aço e vidro. “Essas moedas podem ser trocadas posteriormente por benefícios em uma ampla rede de parceiros, que incluem empresas como Enel, Saraiva, EMTU e PagBank. Os benefícios variam desde recarga de celular até transferência de dinheiro para carteiras digitais, como a do Mercado Pago”, diz.
Ao fazer a reciclagem, o usuário recebe um histórico detalhado de suas ações. “Logado na conta, eu tenho todas as informações de quantos tricoins eu tenho ao longo de todas as minhas reciclagens”, ressalta Alves. “Eu posso ver o meu extrato com o histórico de reciclagens, as embalagens utilizadas, o dia, o horário e quantas moedas virtuais eu obtive em cada reciclagem.”
Essa solução já está em operação em diversas localidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Salvador, Recife, Manaus, Brasília e Belo Horizonte. As máquinas estão presentes em estabelecimentos do varejo, como supermercados e hipermercados, além de pontos de transporte público, como estações de metrô e terminais de ônibus. “Também é possível encontrá-las em ambientes corporativos, onde há uma alta circulação de pessoas, incentivando o engajamento dos usuários na prática da reciclagem”, explica Alves.
A indústria frigorífica entra como potencial parceira dessa iniciativa que já conta com marcas como Colgate, Kraft, Ajinomoto, Braskem, Nívea e Nestlé.
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