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Net Zero por Andressa Rovani | 05/01/2022

Equipe redação

Por Equipe de Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2022

As discussões sobre a comercialização de créditos de carbono e a necessidade de regulamentação desse mercado floresceram no ano passado e se tornaram um dos principais tópicos da COP26.

A ideia deste mercado é monetizar os esforços de países e empresas em conter o aquecimento global, seja diminuindo suas emissões seja retirando gases de efeito estufa da atmosfera – e o Brasil tem muito a ganhar com isso

Neste cenário, companhias comprometidas em sua agenda ESG com a responsabilidade ambiental têm anunciado compromissos públicos em direção ao net zero, ou seja, ao nível em que as emissões de carbono geradas ao longo da cadeia produtiva sejam zeradas. Para o especialista em sustentabilidade Ricardo Voltolini, esse movimento deve ganhar ainda mais força ao longo deste ano.

Agora, aos poucos, a preocupação com a compensação das emissões começa a chegar também às pessoas físicas – afinal, nós emitimos carbono o tempo todo. Para além das atividades produtivas e ações governamentais, o planeta conta com 7,6 bilhões de pessoas cujas decisões diárias impactam em sua sustentabilidade.

Ao escolher a forma como se locomove, que roupa vai comprar ou o que coloca no prato na hora do almoço, cada indivíduo é responsável por determinada quantidade de CO2 na atmosfera.

Em média, podemos diz que cada brasileiro emite 19,18 quilos por dia de gases de efeito estufa, segundo as contas de João Vicente, diretor de ativos digitais da Ambipar.

“Sabemos que a média de emissão de um brasileiro é de 7 mil quilos de CO2 e por ano. Com esse número é possível chegar a uma conta simples: se um brasileiro emite em média 7 toneladas por ano, ao mês esse índice será de 583,33 kg, ou então, 19,18 kg por dia.”

A multinacional brasileira de gestão ambiental lançou recentemente uma plataforma que permite que pessoas físicas possam calcular seu impacto e compensá-lo. Batizado de Ambify, o sistema faz uso de blockchain, uma tecnologia cada vez mais empregada para este fim, por garantir transparência e rastreabilidade ao determinar que cada crédito comercializado ficará atrelado à uma compensação.

CALCULADORA PERMITE ESTIMAR E COMPENSAR SUA PEGADA DE CARBONO

Ao oferecer o comércio de carbono fragmentado por quilo, a empresa ressalta que é possível, por exemplo, pagar alguns centavos para compensar uma refeição.

Seu café da manhã contou com um pote de iogurte com banana e granola? Então você começou o dia emitindo 0,45 kgCO₂. Se junto disso havia uma torrada com manteiga, a conta sobe para 0,55 kgCO₂.

Pelo aplicativo, é possível calcular sua “pegada de carbono” diária, o que ajuda a entender como suas escolhas impactam o meio ambiente. Feito o cálculo, que pode também ser semanal, mensal ou anual, o app oferece a possibilidade de compensar sua emissão.

O cálculo está diretamente ligado às práticas pessoais e suas rotinas, forma de viver, andar, comer, explica João Vicente.

Para ele, há uma nova geração que chega agora à vida adulta e que entende a urgência das questões ambientais e busca transformação. “Não há dúvida de que precisamos investir em educação e informação para engajar cada vez mais pessoas nessa causa, mas acredito que já amadurecemos bastante”, diz ele.

Há uma geração de nascidos nos anos 2000 que enxerga o meio ambiente e a sustentabilidade de outra forma e que já compreende o que é o crédito de carbono.

“Na década de 90, as preocupações eram com descarte de plástico, petróleo no oceano, caça às baleias. Agora, estamos falando de uma coisa ainda maior, que é manter o nosso planeta vivo. Não existe o meu aquecimento global e o aquecimento global do outro. Não importa se na Europa existe uma fábrica poluindo e no Brasil não. Se ela estiver poluindo, ela polui todo o planeta.”

FOCO TAMBÉM EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Vicente conta que a concepção dessa iniciativa vem sendo amadurecida há bastante tempo na empresa. “A Ambify tem origem em duas constatações: de um lado, identifica a necessidade de tornar mais acessível o mercado de carbono. De outro, estão as atividades da própria Ambipar, que por sua própria natureza também gera créditos de carbono.  E se os clientes da Ambipar ou ela própria não consome todos os créditos, por que não os disponibilizá-los ao mercado?”

A plataforma tem como garota propaganda a modelo brasileira Gisele Bündchen, que se tornou uma referência na defesa do meio ambiente e recentemente se tornou acionista da Ambipar.

Além disso, em 2021, a Ambipar adquiriu o controle da Biofílica, pioneira no Brasil no desenvolvimento de projetos florestais para geração de créditos de carbono, o que facilitou a estruturação da plataforma.

A plataforma tem a ambição de educar, por meio de parcerias com projetos sociais, escolas e instituições. “Também faremos campanhas para incentivar o consumo consciente, com dicas para reduzir a pegada e mudar a cultura”, diz João Vicente. Para cada compensação feita pelo usuário, a empresa se compromete a destinar um percentual do valor para projetos sociais em uma das instituições parceiras.

João Vicente, diretor de ativos digitais da Ambipar. (Crédito: Divulgação)
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